REFLEXÕES E INFLEXÕES
Em
dados momentos, não muito raros, eu me pego pensando: quem sou eu? Sou apenas
uma jovem comum de 23 anos chamada Isadora e com um sobrenome esquisito? Sou
mais que isso? Ou menos?
Às vezes contemplo meu reflexo no
espelho e o que vejo não me agrada, deveras. Um rosto muito pálido envolto em
cabelos vermelho-fogo. Um par de olhos negros muito grandes pintados à moda
antiga. A boca pequena e mal desenhada. Um sorriso tortuoso. O corpo magro, com poucas curvas, sempre
metido em roupas pretas justas (com maior freqüência). Olho e vejo-me como uma
garota comum e nem um pouco graciosa, sem atrativos. Meu desleixo, as unhas por
fazer, a maquiagem borrada, o batom malfeito. Minha aparência é o que eu vejo,
não o que as pessoas acreditam.
Que
mal fiz eu aos deuses todos?
Mais que apenas aparência: sou
personalidade. Por que eu gosto tanto de citar as frases do Coringa em “Piada
Mortal”? Por que eu me tornei cada vez mais introspectiva com o passar do
tempo?
Talvez
esse mundo não mereça a minha sanidade.
Sou
uma geminiana nata, com todo o direito de sê-lo. Gosto, desgosto, faço e
desfaço. Posso adorar num segundo e no outro amaldiçoar. Esqueço rapidamente de
tudo. Esqueço até coisas relativamente importantes. Falo mais que o homem da
cobra, porém você pode me ver silenciosa como uma rocha. Chego ao ponto de
estar animadíssima em um lugar e repentinamente ficar muda e ir embora, sem nem
me despedir de ninguém.
Insanidades.
Troquei
muitas coisas ao longo de minha parca existência: pessoas, atividades, hobbies, amores, estilos. Mas acredite:
quando eu realmente amo algo, não o substituirei jamais. Por muitas vezes vi as coisas desandarem
ladeira abaixo. Quantas vezes eu caí e fui obrigada a me levantar? Incontáveis!
O
que não me matou só me tornou mais forte.
Sou
fanática por frases feitas. Irei citar referências dos mais variados gêneros.
Você pode não me compreender e eu irei explicar com a maior paciência do mundo.
Não que eu seja uma pessoa paciente. Sou o oposto.
E por todas as vezes que me disseram
que não imaginavam que eu chegaria aonde cheguei, pelas vezes que ouvi na
infância e adolescência “você nunca será nada na vida”. Meus caros, sinto
muito, mas eu não cheguei nem na metade. Certa vez disseram de maneira
reprovadora aos meus pais que “eu não tinha limites”. E essa pessoa estava
certa. Desconheço limites e fronteiras. Na verdade a imensidão é o meu limite.
Se
não posso mover os deuses de cima, moverei o Acheronte.
Sou
uma pessoa esquisita. Acredite, eu tenho essa fama. E não desgosto. Na verdade
eu até gosto. Minhas esquisitices vão além da compreensão. Na verdade nem
tanto. Sou um pouquinho exagerada, só. Gosto de colecionar os mais variados
artigos: livros, bonecos, souvenires de outros países, latas e garrafas de
cerveja. Aliás, esse é outro ponto sobre mim: eu sou uma grande apreciadora do
elixir composto de cevada. Aprecio qualquer bebida alcoólica, exceto aquelas
porcarias doces com gosto de xarope e pinho sol. Gosto de futebol europeu, astrologia,
filosofia, rap... Poderia ficar horas digitando as coisas sem nenhuma relação
às quais prendem meu interesse.
A
arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal.
Na verdade, enquanto escrevo isso eu
sei que vai sair tudo uma bela porcaria. Tudo o que sai a jato de meus
pensamentos costumam ser nada coerentes e acabo por me desfazer depois. No
caso, estou escrevendo isso há um mês, devido à falta de inspiração. Inspiração
essa de falar sobre mim mesma, uma criatura que nem eu posso compreendê-la.
Falar de Isadora Zunstein é algo sério,
algo que dificilmente alguém poderá dizer que a conhece com exatidão. Já fui
várias pessoas ao longo da minha vida, estilos diversos que ninguém jamais
compreendeu. E deverei confessar algo (acho
que já até mencionei nesse pequeno muro de lamentações): sou uma incógnita para
mim mesma.
Finalmente este texto está pronto. A
vida às vezes não é justa.
Até
breve!
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